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Abril Azul Claro: mês de conscientização sobre o autismo

Campanha Abril Azul Claro

O UNIPAC traz as principais questões sobre a campanha que engloba pacientes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

No mês de abril acontece a campanha Abril Azul Claro, que tem como objetivo a conscientização e inclusão das pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para falar sobre o assunto, a professora do curso de Psicologia, Kellen Alves Carvalho, que é referência nacional na área, elaborou um texto. Nele foram abordadas as noções básicas do manejo dos pacientes com TEA e conhecimentos que facilitam a relação paciente-profissional. Confira:

Os Transtornos do Espectro (TEA), classificados como transtornos do neurodesenvolvimento, constituem um grupo de transtornos que se manifestam precocemente no desenvolvimento infantil, sendo caracterizados por déficits que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico e /ou profissional (DSM5, 2013). Considerando o autismo de um ponto de vista funcional, trata-se de uma síndrome caracterizada pela presença de déficits e excessos que são considerados como problema por dificultarem ao indivíduo o acesso pleno às possibilidades interativas disponíveis em seu ambiente.

A Análise do Comportamento Aplicada ou ABA, da sigla em inglês, Applied Behavior Analysis, é a única intervenção que tem demonstrado evidências empíricas de bons resultados no tratamento para a população de indivíduos diagnosticados com TEA, no desenvolvimento de habilidades variadas e também na redução de excessos comportamentais, muitas vezes considerados incoercíveis. 

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, entretanto, a ABA não é um método de trabalho específico para a população que apresenta TEA. A ABA é na verdade uma ciência ampla e complexa, que permite compreender e, mais do que isto, atuar sobre o comportamento humano nos diversos contextos nos quais ele se apresenta – nos hospitais, nas escolas, nas organizações, nas famílias, no atendimento clínico individual e, também, no tratamento de indivíduos que apresentam TEA.  

Especificamente no tratamento de indivíduos que apresentam TEA, este texto aborda uma entre as várias maneiras pelas quais a ABA pode auxiliar o indivíduo que apresenta este diagnóstico, a sua família e também profissionais da saúde que atenderão o indivíduo ao longo de sua vida. 

O TEA é uma condição que a maioria dos profissionais da saúde encontrará ao longo de sua carreira. Assim como qualquer um de nós, indivíduos que apresentam TEA também precisam de cuidados que auxiliarão na manutenção dos vários aspectos de sua saúde: eles eventualmente frequentarão um consultório médico em função de algum incômodo que apresentam – relatado por eles ou percebido pelos seus pais; eles necessitarão de cuidados odontológicos tais como uma limpeza bucal ou remoção cáries; eles podem necessitar de um acompanhamento fisioterápico para reparar uma função muscular específica; eles se beneficiarão, assim como nós, da realização de uma atividade física regular. Cada vez mais, indivíduos que apresentam TEA têm podido usufruir dos diversos serviços de saúde oferecidos à sociedade geral, o que indica a importância de que os profissionais da área da saúde estejam preparados para atender a esta população.  

Se você é profissional ou estudante da área da saúde, atente-se às orientações a seguir, elas podem auxiliar você na realização de uma consulta ou mesmo um tratamento bem sucedido a indivíduos que apresentam TEA. 

– Antes do atendimento, verifique seu consultório e, na medida do possível, reduza qualquer estimulação sensorial intensa, especialmente a iluminação e os barulhos incomuns e intensos. A iluminação direcionada do otoscópio utilizado pelo pediatra, o refletor de luz e o barulho do motor de alta rotação presente em consultórios odontológicos são exemplos de estimulações que precisam ser adaptadas. Indivíduos com TEA podem apresentar respostas intensas a estímulos sensoriais diversos e a redução da intensidade destes estímulos diminui a probabilidade de que o seu paciente apresente respostas de resistência que podem dificultar o manejo profissional; 

– Assegure-se de que o seu paciente compreendeu em que consiste o procedimento que você irá realizar, antes de você iniciá-lo. Indivíduos que apresentam TEA tendem a reagir melhor em situações que lhe são previsíveis, situações nas quais eles têm uma previsão do que irá ocorrer. Algumas vezes pode ser difícil explicar a estes pacientes em que consiste o procedimento de saúde em função dos ‘déficits na comunicação social’ que eles apresentam. É preciso que você lembre-se que a orientação verbal é apenas um dos recursos que podem ser utilizados, além dela você pode utilizar um desenho animado, uma música, uma dramatização, uma imitação, dentre várias outras possibilidades.  Um fisioterapeuta pode orientar verbalmente seu paciente a realizar um exercício, ele pode demonstrar o exercício para que o paciente o imite, ele pode auxiliar o paciente a realizar o exercício oferecendo prompts físicos até que ele consiga realizá-lo de forma independente. Um pediatra pode fazer o mesmo ao orientar seu cliente TEA a conduzir um exame respiratório, por exemplo;

– Divida procedimentos de saúde de longa duração em pequenas partes sequenciais. A longa duração de um tratamento pode acarretar comportamentos não cooperativos por parte do paciente que apresenta TEA, o que é um dificultador do tratamento bem sucedido. A maioria das pessoas, pensando em reduzir o incômodo do paciente, imagina que a condução de um procedimento de saúde incômodo para a criança com TEA deve ser realizado no menor tempo possível. Ocorre que, se você dividir um procedimento odontológico único, em seis partes sequenciais de menor duração, a maior probabilidade é de que este procedimento não se torne aversivo para o seu paciente, não o incomode a ponto de ele resistir ou apresentar respostas não cooperativas ao tratamento. Este resultado contribui para a realização de um tratamento bem sucedido e, além disto, ajuda a formar uma história positiva em relação a futuros tratamentos de saúde que seu paciente eventualmente precisará realizar. 

As práticas apresentadas neste texto são apenas uma pequena amostra das ações que a Análise do Comportamento Aplicada dispõe para orientar o trabalho do profissional de saúde que tem por objetivo realizar o atendimento bem sucedido de indivíduos que apresentam Transtorno do Espectro Autista.  

Por: Professora Kellen Alves Carvalho 

Professora do curso de Psicologia do UNIPAC Barbacena, Kellen Alves Carvalho
Professora do curso de Psicologia do UNIPAC Barbacena, Kellen Alves Carvalho

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